Hotel Trombose, pelo autor Felipe Valério
Hotel Trombose nasce do incômodo. Da vontade de explodir e se errar no mundo dos outros. É um coágulo tremendo em cada conto, sofrendo em cada linha. Um vaso empelotado de maus motivos. Danificado. Lesado. Embolado de vida. É a tentativa de circular onde sobra pouco espaço. Seus personagens são aqueles que conhecemos, mas que disfarçamos no branco do olho. O cenário é um mundo de paredes sem perfume, dobrado pelo lado de dentro. É a palavra cheirando à carne, osso e gordura. É a fala de quem fala com a cara e explode na coragem de quem lê. Hotel Trombose é o medo que a gente vive tentando esconder. Mas que escorre devargarzinho pra fora da gente.
Hotel Trombose | Sinopse
Uma hospedaria de quinta com cinco estrelas, onde se expõe o grotesco da realidade, a verossimilhança do freakshow cotidiano. Em Hotel Trombose cada cena é como um sonho escondido embaixo da cama. Todos os quartos estão abertos, cheios de fantasmas e abortos. Ninguém se esconde e ninguém tem vergonha. A maioria das pessoas passa a vida temendo uma experiência traumática. Aqui os anfitriões nasceram banhados pelo trauma e com isso passaram no teste da vida. Vê-se todo tipo de tragédia humana que nos choca enquanto seduzem o mórbido que habita em cada ser humano. O amor, ainda que raramente bem-sucedido, é figura constante em Hotel Trombose, mas ainda que ele não consiga se auto realizar, há uma esperança, que vai longe.
Inventados por suas próprias crenças, estes personagens são autores de um sonho que [se faz real?] na medida em que o espectador se permite debruçar e fruir sobre o abismo. Espiar a desgraça alheia pelo buraco da fechadura com a curiosidade de um visitante de zoológico. Os sons, os cheiros, o submundo pegajoso. Nem sabonete importado dá conta. Ele se embrenha no corpo, contamina, vira parte de nós.
Melhor fingir que não acontece.
Não tenho nada a ver com isso?
Hotel Trombose | Ficha Técnica
Texto | Felipe Valério
Direção | Fernando Gimenes
Direção Musical | Fabricio Zavanella
Atores | Carla Zanini, Carolina Splendore, Dawton Abranches, Fanny Cabanas, Gabriela Teles, Gislaine Nascimento, Jonatã Puente, Luis Gustavo Luvizotto, Rafael Augusto, Vânia Lima e William Simplício.
Pianista | Fanny Cabanas
Assistente de Direção Musical | Luís Gustavo Luvizotto
Coreografia | Carla Zanini
Cenografia e Iluminação | Fernando Gimenes
Figurinos | Gislaine Nascimento e Fernando Gimenes
Composições e Músicas Originais | Felipe Valério, Fernando Gimenes, Fanny Cabanas e Fabrício Zavanella.
Fotos | Julieta Bacchin e Tathy Yazigi
Arte Gráfica | Angela Ribeiro
Produção Executiva | Fernando Gimenes e Marcelo Rorato
MAMUTE
O corpo de uma mulher é encontrado dentro de seu próprio apartamento, 42 anos após a sua morte, sem que ninguém tenha sequer percebido sua ausência.
MAMUTE, espetáculo criado pela Cia do Mofo a partir da dramaturgia de Dione Carlos, trata da solidão humana experienciada, vivenciada e assistida de forma crua, ao nos depararmos com a falta de sociabilidade imposta pela liberdade sectária, proporcionada pelos muros das propriedades privadas. A cidade como meio de invisibilidade dos seres humanos que nela habitam.
MAMUTE retorna ao zoológico humano, quando a diferença era enjaulada e observada. Agora, aqui é a alteridade que observa os animais massificados e os classifica. É preciso entrar naquele apartamento abandonado, metáfora de um asilo, de uma família, de um país inteiro e voltar, avançar. Adentrar ao universo da múmia, escondida em sua tumba, pirâmide moderna, vertical cercada por vivos.
MAMUTE, mais do que um espetáculo que trata sobre o tema do “esquecimento e do abandono”, é uma obra sobre “ausência” e “solidão humana”. A solidão em sua forma mais atemporal, absorvida e banalizada, com a qual confundimos nossa própria dinâmica de vida.
Um trabalho que nos obriga a procurar nossos próprios fantasmas, não numa relação mística ou inventada, mas numa relação de ancestralidade.
É preciso descobrir quem são seus vizinhos.
Descobrir o mamute congelado e o degelo do entorno.
FICHA TÉCNICA
Criação | Cia do Mofo
Texto | Dione Carlos
Direção | Carla Zanini e Fernando Gimenes
Elenco | Alessandro Marba, Carolina Splendore, Dawton Abranches, Dione Carlos, Fabricio Zavanella, Gabriela Teles, Gislaine Nascimento, Jonatã Puente, Paula Spinelli e Vânia Lima.
Composição Musical, Trilha Sonora Original e Desenho de Som | L. P. Daniel
Direção de Atores e Movimento | Cuca Bolaffi
Iluminação | Wagner Antônio
Montagem e Operação de Luz | Robson Lima e Junia Magi
Registro Audiovisual | Marcos Rogério
Projeto Arquitetura Cênica | Carla Zanini e Fernando Gimenes
Fotografia | Tathy Yázigi
Designer Gráfico | Angela Ribeiro e Murilo Thaveira
Produção Executiva | Laura Severo
Direção de Produção | Martina Gallarza
Produção | Roda de Criação
Realização | Cia do Mofo
Duração |50 minutos
Classificação Indicativa |16 anos